Quando no começo do ano eu cheguei à escola e vi que o governo tinha mandado para cada aluno uma espécie de livro de atividades que mais parecia um periódico (de fato, se chamava Jornal do Aluno), fiquei um tanto feliz. Pensei que, pela primeira vez em anos, o Estado de São Paulo estava dando a devida atenção para os estudantes das suas escolas públicas. Triste engano. Foi virar a primeira página e ver o quão terrível os exercícios eram. Isso sem contar as erratas que eram muitas, principalmente na parte de Geografia.
Vamos seguindo. Terminados aqueles primeiros dois meses e as benditas lições, foi feita uma avaliação na qual qualquer um seria capaz de ir bem. Até aí, tudo bem, pois pensamos que, dali pra frente, teríamos a liberdade de sempre para fazer nossas próprias aulas, pois, ao contrário do que muitos do alto escalão da educação desta unidade federativa pensam, nós, educandos, não somos números, mas seres humanos com várias dificuldades. Mas, não. O mundo é injusto, como diria um EMO. Eis que a chefia paulista manda para nossos professores os chamados Cadernos do Professor, que eram nada mais, nada menos, que propostas curriculares que os mestres, querendo ou não, tinham que seguir para não “ferrar” os alunos numa possível avaliação futura.
E toca o sufoco. Várias matérias que já tinha estudado no 1.º colegial – estou na 2.ª série do Ensino Médio – foram repetidas, como a questão indígena e o expansionismo norte-americano, em História, sem contar na falta de “recheio” nas outras matérias. Por isso entenda conteúdo, aquilo que vale e é realmente necessário aprender. Eu juro que, durante este ano todo, não tive uma palhinha sequer de gramática. Não me importo muito com isso, afinal, vou muito bem em português, obrigado. Mas e os meus colegas, que não são muito privilegiados quando o assunto é a língua de Camões? Muitos deles desejam, para o ano que vem, passar numa faculdade, correr atrás de um futuro promissor. A Secretaria da Educação não liga pra eles?
É o que me parece. Parece-me que o governo, em vez de reformar pra valer o ensino no estado, está é acabando com o pouco de qualidade que havia. De fato, nossas escolas recebem livros ótimos, como os de Biologia, História e Língua Portuguesa, mas, de que adianta mandá-los se não podemos usá-los? Nós queremos aprender, Estado! São Paulo tem que acontecer, mas não deste jeito.
E, sinceramente, se tudo continuar como está, se ano que vem as coisas não melhorarem acima da linha do cem por cento, as chances de meus colegas e eu passarmos num bom vestibular caem absurdamente. Algo que é ruim para o próprio estado, por que de onde ele pretende tirar sua massa trabalhadora qualificada? Escolas particulares têm aos montes, de lá saem pessoas geralmente preparadas para uma faculdade, mas elas serão suficientes para mover tudo?
Pelo amor que você tem ao nosso estado, Excelentíssimo Senhor governador José Serra: dê um jeito nisso imediatamente!
Antônio Prado,
Aluno de escola pública paulista
8 pessoas não são caloteiras! Viva! \o/:
"Não me importo muito com isso, afinal, vou muito bem em português, obrigado. Mas e os meus colegas, que não são muito privilegiados quando o assunto é a língua de Camões?" (modesto, vc... rrsrsrs)
Isso não é exclusividade de São Paulo. A escola pública tenta maquiar sua incompetência educativa elevando o nível das aprovações. Não raro encontramos alunos no 3º ano que não sabem nem ler e escrever direito...
Muito conteúdo passa despercebido. É lamentável...
(eu tava brinkndo ali em cima, blz?)
Beleza, Marcel. Mas, fazer o quê? É assim mesmo. rsrsrs Obrigado pelo comentário!
Poxa, bacana é otimismo da criatura logo acima. Se ele acha que não há o que fazer, pra que político, pra que povo, né. Vamos todos nos foder, é isso aí, destino pré-determinado.
Acho que o Brasil tá precisando de umas revoluções, algumas rebeliões, e cobranças a esses políticos - não os criticando - pois se melhorarem tão somente a educação (base de tudo) o Brasil vai melhorar. Acho, mesmo sem fazer nada quanto, que precisamos cobrar mais, interagir mais. O povo brasileiro tá assim, como nosso amigo de cima, conformado.
Hugo, o meu "Mas, fazer o quê? É assim mesmo" foi uma resposta ao comentário do Marcel que dizia que eu era modesto por dizer que era bom em português e não pela situação delatada no texto. :P
eu nunca precisei vivenciar esses problemas, mas é uma quetão de como se vê as coisas...
no interior as escolas são melhores :D
Não se engane, Gúh. As coisas eram boas quando o ensino não era "uniformizado". Agora, a qualidade da coisa caiu muito. Digo isso porque sou do interiorrr do estado e sei da situação.
Se voce é de escola publica, entao ela não devem ser ruins como dizem!
Eu tinha uma idéia diferente dos alunos da escola publica paulista. E é nesses casos que eu gosto de estar enganado!
Mas é claro que o que o Estado puder fazer para nos manter burros, ele p fará.
Olá coléga, essa situação se prolonga até aqui no Paraná também.
Mas até que ano passdo liberaram uns livros para nós usarmos.
Boa sorte para vocês aí!
Abraço!
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