Era uma obrigação: toda noite eu tinha que olhar debaixo da cama para me certificar de que estava tudo bem. Afinal, não queria morrer enquanto dormia. Ele podia chegar a qualquer instante. Sabia que ele tinha morrido, mas me disseram que ele renascia numa continuação. E isso me deixava com o coração acelerado. Só de lembrar daqueles olhos azuis saltados, aquele monte de cicatrizes e aquele macacãozinho tão inocente que cheirava a crimes horrendos me sentia o mais desprotegido dos seres. Charles Lee Ray era o nome daquele demônio particular, muito conhecido como Brinquedo Assassino.
O vi pela primeira vez no SBT. Era um sábado, se eu me recordo bem. Não me lembro o nome da sessão de filmes. Só lembro que fazia muito frio e eu e minha prima dividíamos um cobertor no sofá da casa de minha avó. Os adultos estavam fazendo outras coisas, conversando sobre algo que de nada nos interessava. E tudo começou a correr diante de nossos olhos. O boneco saindo de sua caixa, o garoto avisando os outros que ele estava vivo... O primeiro homicídio.
Nossas mentes já cristianizadas tremeram diante de tamanha crueldade. Como aquilo era possível? Nos escondemos debaixo daquele pano vermelho e esperamos que tudo fosse embora. Não avisamos os adultos. Eles nos culpariam por estarmos assistindo aquele tipo de coisa. Simplesmente ficamos inertes e fomos tirando a coberta devagar. Até presenciarmos o terror novamente.
Sorte que ele morreu e tivemos nossas almas tranqüilizadas naturalmente. Isso até sabermos que aquela saga maldita teria continuação, pois o brinquedo não tinha morrido. E o pior: sua aparência estava ainda mais piorada. Natália e eu ainda conversamos sobre aquilo. Passamos a assustar um ao outro com esse assunto. Tínhamos seis anos, aquele era nosso medo comum. Que nossos pais não conheciam.
Mas eles perceberam os nossos pequenos rituais. Nada de dormir sem antes trancar todas as bonecas da casa no guarda-roupa – ainda mais se elas fossem da Xuxa! Barulho? Esperávamos em nossas camas, até que ele desaparecesse por completo. Quietinhos. Talvez assim ninguém nos acharia. E, claro, olhar atentamente do lado de baixo da cama. Afinal, ele poderia estar ali. Sim, ele poderia.
E assim crescemos, com esses códigos, com essas superstições hodiernas que nos permitiam boas noites de sono. Constituições para nos livrarmos do mal, amém. Amém. Essa era a palavra mágica de ambos – apesar das crenças díspares. Era ela que nos permitia colocar a cabeça no travesseiro e suspirar, sossegados.
Hoje, eu ainda me lembro de tudo isso antes de dormir. Quando ouço um barulho, ainda aperto as pálpebras do olho e puxo meu edredom pra cima da cabeça. Todos temos medos pueris que ainda permanecem, certo? O meu é o mínimo som à noite.
E o seu? Qual é?
Ele pode te assaltar a qualquer momento. Cuidado...
15 pessoas não são caloteiras! Viva! \o/:
Gostei muito. Engracado como ainda nao pensava nisso com tanto afinco. Sim, tinhas meus rituais de ficar com a porta aberta e tuddo mais. Pedir que minha mae me cobrisse. Realmente , obrigado por essa lembranca. Vou pensar mais vezes.
Abrcs
Como é bom relembrar dessas coisas, tem gente que até hoje carrega esses medos.
Parabéns pelo seu blog e pelo seu belo texto.
Até mais.
Putz!
mantenho alguns rituais até hj, mas agora compatível com minha idade, srsrs...
"Nada de dormir sem antes trancar todas as bonecas da casa no guarda-roupa – ainda mais se elas fossem da Xuxa!"
hauuahauhauha... adorei isso! Bonecas da Xuxa são do mal!!!
Viva o Chuck!!!
Me atormentava a lembrança de um filme que vi na Band, na época em que o Zé do Caixao apresentava uma sessão VESPERTINA de filmes de TERROR. coisa que seria impossível nos dias de hoje.
O filme tambem era de brinquedos assassinos, e uma das bonecas seduziu um pobre rapaz vendado e amarrado numa cama. Da boca da boneca saíam sanguessugas, e por acaso foi quando eu descobri o que eram sanguessugas...
Ah, e tambem ja tive medo do Tiririca.
Acho que é só!
Esses medos tenho até hoje!
Eu até hj morro de medo de sapo, pq minha mae dizi que ele jogavam leite nos olhos p/ q eu num mexesse com eles, nossa num pode apareçer um que quase morro
http://melrym.blogspot.com/
medo de cachorro ateh hj!
meu uma vez quando eu era pequena sonhei q tinha um com oolho vermelho me olhando da janela e tava prestes a me atacar quase morri do caração qndo acordei...nunca mais cheguei perto de um na miha vida...!
Muito bom o texto... isso é super normal. eu tenho medo dos gremlins. uhahuauha não consigo mais assistir aos filmes.
Muito bom o seu blog, e espero que volte mais vezes no Se Liga Jovem
hsuahusahusahusahusahuashusa
Meu Deus pensei q soh era eu q tinha medo do Chuck...
A primeira vez q eu vi ele foi em um domingo assistindo com minha mãe na casa de minha vó, depois disso começou o trauma, me escondia atras do sofa so de ouvir o nome disso...
Hj eu perdi esse medo.
Parabens pelo blog!!!!
Abraços!!!!!
http://goodideaschangelife.blogspot.com/
KKKkkkkkkkkkk
Legal, fói ótimo relembrar meus medinhos de criança!
Parabens pelo texto!
Oi querida,
Gostei muito do post. Alías, trablho com contos fantásticos e de terror em meu blog. Temos, no entanto, um medo comum: o do calote... Hehehehehe. Para isto fiz uma comunidade no orkut através do qual vinculo-me com os memebros num compromisso de postar 5 comentários semanais em seu blog em posts diversificados, garantindo uma linkagem imediata e um efetivo trabalho de análise, conhecimento além da fidelidade de postagem tão necessária para rankear nossas páginas. Se interessar, estou lá no aguardo.
Bjão.
Obs.: A comunidade se chama Blogger-fiel.
comentandu dinovo pra num ser calotero hahah
ta mto legal...
medo, tivemos, temos e teremos... credo, ehehe
adorei o post
rsrsrsrsrsrs
vc me fez rir com esta historia
eu ja tive medo dele tbém
http://500x100.blogspot.com/
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