E A CRISE VAI SE ALASTRANDO...

Bem, como vocês devem ter percebido, eu me desliguei essa semana do blog. O fato é que eu estava às voltas com a parte de cá da minha vida e foi impossível postar qualquer coisa. Mas hoje o filho pródigo regressa ao Brazilian Damn para falar de um assunto sério. Muito sério, aliás, principalmente quando estamos falando daqueles que sustentam suas famílias.

Eu faço parte da VASP, a Vagabundos Anônimos Sustentados pelos Pais. Não me orgulho disso, de forma alguma. Tanto que desde que completei 16 anos procuro um emprego. Na última semana estive muito perto de um, mas um bendito outro candidato teve que aparecer e me tomar a vaga. Curso de contabilidade era a única coisa que ele tinha a mais que eu. E, além do mais, o salário não é lá muito bom. Não que seja ruim, mas para trabalhar oito horas não é o justo.

Vou continuar procurando trabalho. É bem difícil de achar, principalmente numa cidadezinha como a minha que tem – o quê? – uns vinte e dois mil habitantes. Juntando-se a isso o fato de eu não ter nenhuma experiência e a nossa sociedade ser muito paradoxal neste sentido – se você tem pouco conhecimento sobre o mundo das profissões, eles não te dão a vaga por ser despreparado; se você tem muito conhecimento, mas já passou da linha dos quarenta, suas chances de continuar vivo no mercado de trabalho vão diminuindo e diminuindo... –, eu acho que só vou conseguir alguma coisa quando me mudar daqui. Ou quando um parente dono de comércio, indústria ou coisa parecida me inicie nos negócios.

Anyway, o assunto aqui não sou eu. São as várias pessoas aqui no nosso país que estão sendo despedidas por conta da crise. Na minha família, pelo menos que eu saiba, isso não está acontecendo. Todos estão muito bem empregados, graças a Deus. Mas muitos vizinhos meus que trabalham nas indústrias da cidade entraram numa féria coletiva incerta. Eles não sabem se, daqui quase um mês, eles terão um trabalho, um salário para sustentar seus filhos ou ajudar os pais.

A Vale [do Rio Doce] demitiu 1.300 funcionários por causa da crise, o que gerou hoje um protesto no Rio de Janeiro por parte de sindicalistas (vide imagem acima). Agora eu fico me imaginando o que será dessas pessoas todas, sem dinheiro para comprar comida. Pois, se o auxílio do governo chega, ele não dura pelo tempo necessário. Sem contar o fato de que o trabalho é algo tão necessário ao homem quanto o próprio pão que come.

Muito se fala em Barack Obama tirar o mundo dessa situação toda, surgindo como um cavaleiro salvador em seu cavalo branco e de armadura. Eu não sei, não... Pode até ser que ele amenize a situação de imediato, mas os efeitos dessa crise vão se refletir pelos próximos, sei lá, dois, três anos. E neste mundão de Deus tinha que existir um filho-da-mãe do tipo que monta um mega-esquema de pirâmide pra piorar tudo!

Ninguém merece, certo?

Eu só espero que tudo melhore. Pra mim, pra você e pra quem quer mais que seja. Afinal, as palavras de Lula não adiantaram muito para frear a crise e o Banco Central já deu seu belo jeitinho de aumentar 13,75% os juros...

É como aquela música: “Quem é de cima, sobe/, E o de baixo, desce!”.

Meu povo, esteja preparado! Ninguém sabe como esse tipo de coisa termina...